Um erro no Facebook fez com que na versão desktop do portal, após clicar em entradas editadas após colocar na opção “Mostrar histórico de edições” foi possível ver não apenas o conteúdo das versões individuais da postagem, mas também o perfil pessoal de onde elas foram postadas.
Informações sobre esta vulnerabilidade apareceu na tarde de sexta-feira. Jornalistas começaram a checar algumas fanpages nesse sentido, principalmente políticos e partidos. Como o bug foi rapidamente corrigido, muitas entradas de várias fanpages não foram analisadas em detalhes, apenas capturas de tela únicas mostrando os administradores foram reveladas.
Descobriu-se, entre outros, que uma das entradas na fanpage do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki postou Mariusz Chłopik, diretor de marketing esportivo do PKO Bank Polski, e antes disso i.a. diretor de comunicação corporativa e marketing da Agência de Desenvolvimento Industrial. Algumas entradas na fanpage do ex-ministro da defesa nacional postou Edmund Janniger, assistente de Macierewicz no ministério.
Uma das entradas na fanpage de Beata Szydło, ex-primeira-ministra e atual eurodeputada, editado por Paweł Rybicki, que começou a trabalhar no gabinete do primeiro-ministro no final de 2015, logo após a nomeação do governo de Szydło.
No entanto, algumas entradas nas fanpages do Ministério da Justiça e seu chefe Zbigniew Ziobro publicado por Dariusz Matecki. É blogueiro e membro do conselho do PiS em Szczecin, colabora há vários anos com o ministério da justiça, sendo responsável pelas atividades de comunicação nas mídias sociais.
No início de janeiro, entradas na fanpage de Szymon Hołownia, candidato presidencial e ex-jornalista, publicaram, entre outros Mateusz Wojnarowski, Paweł Cywiński e Karol Wilczyński. Este último é um jornalista associado, inter alia, Ele dirige Islamistablog.pl com Deon.pl, as revistas “Więź” e “Znak”. Por sua vez, o administrador da fanpage de Janusz Korwin-Mikke é Michał Wojtak, fundador e editor-chefe da wMeritum.pl.
Tudo bem, como as telas do Facebook já estão circulando por toda parte na web e nos maiores portais, não adianta guardar segredo. O que você sabe, você sabe, mas vale a pena perguntar ao @szymon_holownia por que seu perfil está sendo compartilhado por jornalistas? É transparente e justo? pic.twitter.com/7XIqYmkiU8
– Marcin Makowski (@makowski_m) 10 de janeiro de 2020
Entradas recentes na fanpage do chefe do PSL, Władysław Kosiniak-Kamysz postado de um perfil com nome e sobrenome em hebraico e sem a foto principal.
Entre os administradores da fanpage Sok z Buraka – criticando fortemente o atual governo e promovendo a Plataforma Cívica – é Marcin Mycielski. Foi responsável pelas atividades internacionais do Comitê para a Defesa da Democracia e atualmente coopera com a Open Dialog Foundation, cuja cofundadora Ludmiła Kozłowska em meados do ano passado. foi temporariamente expulso da Polônia.
Por outro lado, uma entrada na fanpage da TV48 – apoiando o campo governante e criticando a oposição – por Samuel Pereira, editor-chefe do TVP.info.
Entrada na fanpage do presidente dos EUA, Donald Trump Mike Hahn, membro da equipe de Trump responsável pelas comunicações online, postou na sexta-feira. Dois posts na fanpage de Cristiano Ronaldo publicado por Joana Moura Bessa (segundo o seu perfil no Linkedin, trata de marketing na internet na agência portuguesa Polaris Sports)e na fanpage de Robert Lewandowski ele publicou Maciej Dutkowski, diretor criativo da agência Stor9_ lançada em meados de 2017 por Robert e Anna Lewandowska. E na fanpage da ativista ecológica sueca Greta Thunberg seu pai, Svante, escreveu.
Agora é internacionalmente:
-Robert Lewandowski
– Cristiano Ronaldo
– Dobald Trump
Ps: apenas @TygodnikNIE foi prudente o suficiente para configurar um administrador falso, Jan Kluczyk 😉 pic.twitter.com/ekGMX1m8Ig
– Wojtek Kardyś (@WojtekKardys) 10 de janeiro de 2020
Atualizar para culpar
Boletim WirtualneMedia.pl em sua caixa de entrada de e-mail
O incidente relacionado à divulgação dos dados dos moderadores de conteúdo em sites causou muita polêmica no Facebook. Alguns usuários indicaram, entre outros, no fato de que graças a isso foi possível determinar quem é pessoalmente responsável pela publicação de conteúdo que espalha desinformação e ódio por sites específicos.
Wirtualnemedia.pl perguntou ao Facebook sobre os motivos do incidente de sexta-feira. Serviço em uma mensagem curta, ele explicou que havia uma falha técnica.
– O bug onde você podia ver quem estava editando e postando em nome de páginas individuais foi rapidamente corrigido. Estamos gratos ao investigador de segurança que nos alertou para este assunto, explica a assessoria de imprensa do Facebook. No entanto, o site não divulgou quem especificamente forneceu as informações sobre a falha.
Como descobrimos, um bug não oficial foi causado por uma atualização defeituosa do código do site e os dados pessoais dos moderadores não estavam prontamente disponíveis. Para ver essas informações, alguém tinha que clicar na postagem e visualizar seu histórico de edições, onde o nome e sobrenome da pessoa e sua foto de perfil eram visíveis.
Durante o erro, nenhuma informação era visível sobre a pessoa que publicou ou editou a postagem, além de seu nome e link para o perfil público.
Hora de transparência?
Artur Roguski, especialista independente em comunicação digital e mídias sociais, autor do blog whysosocial.pl. comentando sobre o recente incidente no Facebook para Wirtualnemedia.pl sugere que o site devem pensar em mudar sua política em relação às informações sobre o conteúdo postado pelas páginas.
– O Facebook é um site tão extenso que não é difícil escorregar – admite Artur Roguski. – Provavelmente erros menores são detectados e reparados várias vezes ao dia e os usuários nem percebem. No entanto, paradoxalmente, muito de bom pode resultar do último erro de permitir que os moderadores do Facebook sejam visualizados. O Facebook vem combatendo o ódio e a desinformação em seu site há anos. Talvez tenha chegado a hora da transparência total?
Nosso interlocutor ressalta que cada página no Facebook que não é verificada, deve também informar de forma transparente sobre quem o administra e é responsável pelo conteúdo publicado.
“Isso reduziria pelo menos parcialmente o número de memes zombeteiros, bem como informações falsas ou propagandas que manipulam deliberadamente vários dados – por exemplo, na forma de infográficos”, diz Roguski. – Apenas páginas selecionadas verificadas pelo Facebook podem ocultar moderadores. Isso faz sentido porque, na maioria das vezes, várias dezenas de pessoas trabalham neles e não tentariam os hackers tentar assumir as contas.
Segundo o especialista, outra coisa é que quase nenhuma empresa aproveita a oportunidade para transformar seus moderadores em influenciadores.
– Moderadores de sites de marcas de telecomunicações, roupas ou tecnologia costumam ter maior impacto e alcance nos consumidores do que os influenciadores convidados para a cooperação – admite Roguski. – Com isso, ganhariam credibilidade e criariam um vínculo mais próximo e íntimo com os consumidores. O único problema é encontrar e treinar as pessoas certas que serão capazes de carregar grande popularidade em seus ombros, e isso não é fácil.
No terceiro trimestre de 2019, o Facebook registrou receita superior a US$ 17,6 bilhões, e lucro líquido superior a US$ 6 bilhões. Atualmente, o número de usuários que visitam o site de rede social todos os meses é de quase 2,5 bilhões.