O Parlamento australiano aprovou uma lei na quinta-feira (25 de fevereiro) que obriga plataformas digitais como Google e Facebook a pagar à mídia local por conteúdo de notícias. A lei introduz regras para negociações entre editoras e plataformas, pressupondo, em caso de desacordo entre elas, o estabelecimento de arbitragem governamental fixando taxas vinculantes.
O objetivo do ato é proteger os editores
O objetivo da lei é proteger os editores de abusar da posição dominante dos gigantes digitais e distribuir os lucros da publicidade online de forma mais justa. De acordo com os cálculos do regulador australiano, em 2018, de cada 100 dólares australianos gastos em publicidade online, 49 foram para o Google e 24 para o Facebook. Argumenta-se que grandes empresas de internet utilizam gratuitamente o conteúdo produzido pela mídia local, ao mesmo tempo em que ganham dinheiro exibindo-o, pois muitos usuários apenas leem conteúdo noticioso por meio dele. Google e Facebook se opuseram fortemente à nova lei, argumentando que ela não leva em conta a especificidade da Internet.
Na quinta-feira, 18 de fevereiro, em protesto contra a lei, o Facebook bloqueou o acesso a notícias da mídia australiana. A empresa ressaltou que a nova lei mostra uma “falta de compreensão fundamental” de seu relacionamento com as editoras. Após conversas com o governo australiano, o Facebook suspendeu o bloqueio de conteúdo e várias emendas à lei foram adotadas, incluindo estendendo para dois meses o tempo de negociação de acordos entre plataformas e publishers. Tanto o Google quanto o Facebook já estão assinando contratos com a mídia australiana.
O ato, pioneiro em escala mundial, é percebido como um teste para a introdução de regulamentações semelhantes em outros países. O governo canadense já anunciou o trabalho em legislação semelhante. “Suponho que em breve teremos 5, 10, 15 países adotando soluções semelhantes”, disse o ministro canadense do Patrimônio e Cultura, Steven Guillebault. Os editores europeus também esperam que regulamentos semelhantes sejam introduzidos em toda a União Europeia.
Decisão do Facebook provocou indignação em todo o mundo
A decisão do Facebook provocou indignação na Austrália e além, e reacendeu o debate sobre a necessidade de regular os gigantes digitais.
“Essas ações apenas confirmam as preocupações expressas por um número crescente de países sobre o comportamento das grandes empresas de tecnologia que pensam que são maiores que os estados e que as regras não deveriam se aplicar a elas”, disse o primeiro-ministro australiano Scott Morrison, que disse que o apoio para os regulamentos introduzidos foi expresso por líderes da Grã-Bretanha, Canadá, França e Índia. Esse passo provou que o Facebook era “incompatível com a democracia”, comentou David Cicilline, chefe do subcomitê de regulamentação antitruste da Câmara dos Deputados dos EUA.
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Mais e mais países europeus também adotaram alguma forma de imposto digital nos últimos dois anos, embora ainda não tenham sido estabelecidas regulamentações comuns na UE. As negociações sob a égide da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), visando desenvolver um modelo de imposto global sobre gigantes tecnológicos internacionais, também terminaram em fiasco.
A forma de imposto digital em países europeus individuais é semelhante. O imposto é cobrado sobre as receitas de atividades digitais, como publicidade online, venda de dados de usuários de mídia social para fins publicitários ou corretagem online. Geralmente é cobrado de empresas cujas receitas globais desta atividade ultrapassam os 750 milhões de euros por ano. Além disso, as plataformas digitais cobertas por ele devem exceder um determinado limite de receita em um país específico. A taxa varia de estado para estado. Devido ao seu design, a taxa se aplica principalmente a grandes empresas americanas, como Google, Amazon, Facebook e Apple.
Na França, a taxa de imposto é de 3%. e é pago por empresas cujas receitas na França ultrapassam 25 milhões anualmente (além do limite global de 750 milhões). O mesmo limite para as receitas das empresas de internet tributáveis se aplica na Áustria, onde 5% do imposto é cobrado. imposto. Na Espanha e na Itália, a taxa de imposto é de 3%, devendo ser paga por empresas cujas receitas com atividades digitais nesses países ultrapassaram 3 e 5,5 milhões de euros, respectivamente. Na Grã-Bretanha, um imposto de 2%. As plataformas da Internet estão sujeitas às quais as receitas globais de operações online excedem 500 milhões de libras e as receitas domésticas excedem 25 milhões de libras. O imposto polaco sobre publicidade na Internet, apresentado em fevereiro, pressupõe que abrangerá empresas cujas receitas globais ultrapassem os 750 milhões de euros e as receitas na Polónia excedam os 5 milhões de euros. A alíquota deve ser de 5%.
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Censura na Internet
A política das grandes corporações da internet em relação à exclusão de contas e controle do conteúdo postado nelas também é controversa em todo o mundo.
Depois que apoiadores do então presidente dos EUA, Donald Trump, invadiram o Capitólio em 6 de janeiro, o Twitter bloqueou, primeiro temporariamente e depois permanentemente, a conta do político, para quem era o principal canal de comunicação com o público. Medidas semelhantes foram tomadas mais tarde, entre outros Facebook e várias outras plataformas sociais. Os sites justificaram o corte de Trump de seus serviços ao divulgar repetidamente informações falsas sobre a eleição presidencial dos EUA em 2020 e o risco de mais incitação à violência.
Essas decisões, no entanto, foram criticadas por muitos líderes mundiais. “O Twitter encerrou a conta de Donald Trump cinco minutos depois do meio-dia. Tal decisão deve ser tomada com base na lei, e não com base em uma decisão arbitrária de alguma empresa. Deve ser uma decisão tomada por políticos e parlamentos, não Gestores do Vale do Silício” – disse o presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen. A decisão do Twitter também foi descrita como “problemática” pela chanceler alemã Angela Merkel, que observou que “o direito à liberdade de opinião é de fundamental importância”.
Por sua vez, o governo mexicano propôs uma lei para regular o abuso de censura pelas mídias sociais. Qualquer pessoa cuja conta fosse bloqueada teria direito de recurso contra essa decisão, também ouvido pelo regulador de telecomunicações e pelos tribunais mexicanos. Plataformas digitais podem enfrentar multas de até US$ 4,4 milhões por restringir o direito à liberdade de expressão.
A decisão dos conselhos de administração do Google, que em meados de fevereiro proibiu a publicidade de serviços de serralheria nos resultados de buscas na Bélgica, Holanda, Alemanha e Suécia, também teve grande repercussão no mundo, explicando que a maioria, senão todos, anúncios que aparecem lá vêm de serralheiros não confiáveis ou até desonestos que exploram pessoas em situações difíceis cobrando taxas exorbitantes pelos serviços mais simples.
No quarto trimestre do ano passado O Facebook alcançou recorde de receita (US$ 28,07 bilhões) e lucro líquido (US$ 11,2 bilhões) em sua história. Seus serviços e aplicativos já são utilizados por 3,3 bilhões de internautas por mês e por 2,8 bilhões somente pelo Facebook. Para cada usuário, a preocupação ganha US$ 8,62 por trimestre.