O caso chegou ao Tribunal de Justiça Europeu quando a BestWater International, uma empresa produtora de filtros de água, entrou com uma ação contra seus concorrentes que colocaram seu clipe promocional em seu site.
O vídeo em questão foi do site YouTube. Diante do tribunal, a BestWater International afirmou que não havia permitido que o filme fosse colocado no site da empresa ré, então havia uma violação de direitos autorais. Os juízes de primeira instância perguntaram ao Tribunal de Justiça da UE se houve violação da lei. O Tribunal respondeu que não. Em sua opinião, colocar um filme ou um link para ele no site não é um compartilhamento público de conteúdo na acepção do art. 3 parágrafo1 da Diretiva 2001/21/CE. Portanto, não houve violação dos direitos autorais da BestWater International.
De acordo com especialistas consultados por Wirtualnemedia.pl, a opinião expressa pelo tribunal significa que todos os internautas que incorporam vários filmes que já apareceram na Internet em seus sites podem dormir tranquilos, sem se preocupar com as consequências legais. Não importa se a cópia vem de uma fonte legal ou não – Simplificando a opinião do tribunal, significa que a publicação de um link interativo (frame, embed) para o filme disponibilizado ao público no YouTube não está usando legalmente a obra e não requer o consentimento de seu criador – explica Wirtualnemedia.pl Wiktor Rainka, advogado da Wierzbowski Eversheds. – Além disso, uma vez que tal ação não é o uso da obra, não importa se a obra está YouTube legalmente ou não. Assim, o tribunal confirmou sua posição anterior apresentada no acórdão Svensson, indicando que a vinculação e incorporação não constituem uma exploração separada da obra, mas é essencialmente apenas uma notificação de sua inclusão em outra página. No entanto, o acesso a este outro site não pode ser restrito (por exemplo, pago) – enfatiza Rainka.
Por sua vez, Jakub Kralka, advogado e autor do blog techlaw.pl, destaca que a questão da incorporação de filmes e links em sites é polêmica do ponto de vista jurídico. – A avaliação de links e objetos embutidos em termos de proteção de direitos autorais é problemática, as tentativas de domar essas questões por praticantes e teóricos do direito têm sido numerosas, enquanto os resultados desses esforços até agora se mostraram altamente insatisfatórios – enfatiza Kralka. – A decisão do TJUE no caso BestWater também resolve um problema, na prática criando… outro. Enquanto o Tribunal, provavelmente com razão, salva os internautas que, desconhecendo a natureza ilegal da obra, decidiram publicá-la, por exemplo, em seu “mural” do Facebook, com essa interpretação do regulamento, por outro lado, a interpretação deixa os próprios autores sem proteção. E existem grandes sites na Internet polonesa, inclusive incluídos no Megapanel, cujas atividades se baseiam quase exclusivamente em links para conteúdo pirata ou “incorporar” episódios de séries ou filmes populares (por exemplo, vários clones do (in) famoso Kinomaniac). Esta decisão do TJUE é uma boa notícia para o usuário médio da Internet que não terá problemas legais acidentalmente e sem saber – mas não para os criadores. Também não estou convencido se a interpretação do direito europeu está correta (o tribunal afirmou, por exemplo, que como resultado da vinculação ou incorporação da obra, o novo público não conhece a obra, mas é exatamente isso que está acontecendo ). Independentemente da forma que a jurisprudência tomar ao longo dos anos (atualmente há muita pressão sobre a liberalização dos direitos autorais, ditada principalmente pelo humor dos jovens internautas), temo que, à luz da regulamentação aplicável, seja incapaz de desenvolver soluções adequadas. Antes de tudo, é preciso redefinir, talvez com a ajuda de uma casuística indesejada, mas necessária, não tanto as descrições técnicas de “linking” e “embedding”, mas o próprio conceito de disseminação – enfatiza Kralka.
Especialistas da indústria da Internet estão surpresos que o processo judicial acima mencionado tenha ocorrido. – O caso de um tribunal alemão comprova que ainda há muito a ser feito quando se trata de adequar a lei de direitos autorais aos padrões de troca de informações na Internet – diz Sebastian Górski do site Komputerswiat.pl, que cria filmes e os publica na Internet. – Em todo o caso, estou surpreso com a atitude um tanto rígida da empresa, que decidiu processar os internautas por compartilharem seu filme. Afinal, era para ser promocional por natureza – resume Górski.