UOKiK está planejando uma compra controlada e remoção de sites. “Mais poderes do escritório são boas notícias”

UOKiK está planejando uma compra controlada e remoção de sites. "Mais poderes do escritório são boas notícias" 1

Como parte da alteração da Lei sobre a concorrência e proteção do consumidor, UOKiK preparou suas próprias propostas de novos poderes que o regulador poderia usar em seus procedimentos. De acordo com informações não oficiais, a emenda à lei pode ser aprovada pelo governo em março de 2020.

Pesquisas e compras auditadas

As premissas são de que os novos regulamentos permitirão ao UOKiK realizando buscas relacionadas a processos também em matéria de consumo, atualmente o escritório tem essa competência em casos antitruste.

Agora UOKiK só tem o direito de realizar verificações tradicionaiso que significa que a empresa auditada decide quais documentos e provas enviará ao escritório. Isto, por sua vez, prolonga o processo e dificulta o estabelecimento da realidade das relações entre o empresário e os consumidores.

Após a introdução do novo regulamento, o UOKiK teria o direito de realizando buscas em escritórios de empresas e apreendendo materiais relevantes para fins de investigação antes de serem ocultados ou modificados pelo comerciante.

UOKiK também quer obter o direito de fazer o chamado compra controlada. Atualmente, sem tais possibilidades, os funcionários do regulador, atuando como clientes, só podem inicialmente obter informações sobre seus bens ou serviços de um empresário potencialmente desonesto, mas não conseguem celebrar um contrato. De acordo com os planos do UOKiK ele poderia fazer compras controladas por meio de serviços relevantes, como a polícia.

Rastreamento de operações financeiras e bloqueio de páginas

Os regulamentos planejados também prevêem que UOKiK será capaz de rastrear operações financeiras relacionadas a processos pendentes.

Neste caso, UOKiK solicitaria ao Ministério das Finanças ou à Administração Tributária Nacional que fornecesse informações sobre fluxos de caixa específicos entre contas bancárias e os detalhes pessoais dos proprietários de contas individuais.

A alteração planejada aos regulamentos também fala de a possibilidade de uma maior influência sobre os empresários que operam na Internet.

O regulador gostaria de obter o direito de ordenar à empresa que remova conteúdo específico de seu site ou afixe ​​avisos aos consumidores. Nos casos mais extremos, UOKiK teria o direito de exigir que a empresa de hospedagem bloqueie efetivamente o acesso ao site que é usado para empresas desonestas contra seus clientes.

UOKiK: você tem que se adaptar à realidade

Małgorzata Cieloch, porta-voz do Escritório de Concorrência e Proteção ao Consumidor, em entrevista ao Wirtualnemedia.pl explica os motivos por trás dos esforços do regulador para alterar os regulamentos atuais.

– A proteção ao consumidor é um desafio crescente no mundo de hoje devido às mudanças no movimento econômico – explica Małgorzata Cieloch. – O desenvolvimento de tecnologias modernas e a correspondente digitalização progressiva da economia, em particular dos serviços financeiros, para além de benefícios, também trazem ameaças para os consumidores. Esse desenvolvimento tem se acelerado cada vez mais na última década. Os vendedores oferecem produtos cada vez mais diversificados e complexos, inclusive financeiros (a exemplo disso são, entre outros: criptomoedas, títulos corporativos). Ao mesmo tempo, está se tornando cada vez mais difícil monitorar a atividade empresarial em termos de ameaças emergentes, bem como identificar entidades desonestas, muitas vezes operando em uma base internacional, acrescenta.

Segundo a porta-voz do Gabinete de Concorrência e Defesa do Consumidor, estes desafios são notados pela Comissão Europeia. O motivo da revisão do Regulamento 2006/2004, o denominado o Regulamento CPC (relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis ​​pela aplicação da legislação de defesa do consumidor) visa adaptar e modernizar os instrumentos à disposição das autoridades de defesa do consumidor.

– Estende os poderes mínimos de autoridades como UOKiK, incluindo o a possibilidade de fazer uma compra-teste, bloquear sites, pesquisar fluxos financeiros ou fazer buscas do empresário em questões de consumo – enfatiza Cieloch. – Para que o UOKiK possa tirar proveito das novas competências, elas devem ser incluídas na Lei Polonesa de Concorrência e Proteção ao Consumidor – daí a sua alteração.

Nosso interlocutor lista as novas competências mais importantes do UOKiK previstas no projeto:
Observação do fluxo de recursos e mecanismos de confirmação da identidade das pessoas envolvidas
Desta forma, será possível identificar de forma eficaz as entidades responsáveis ​​pela infração e estabelecer a interligação entre elas quando oferecem bens ou serviços em consórcio ou quando a sua relação não é clara. Será útil, por exemplo, em processos relativos aos chamados esquemas de pirâmide ou investimentos alternativos. A análise dos fluxos financeiros é necessária, inter alia, determinar se a empresa possui os bens ofertados, se os recursos dos pagamentos dos consumidores são efetivamente investidos ou, por exemplo, não transferidos para o exterior, bem como determinar se o sistema de remuneração dos integrantes da estrutura de vendas, funcionários, intermediários ou empreiteiros do empreendedor tem as características dos chamados pirâmide financeira.

Teste de compra com identidade implícita ou presumida
Isso permitirá que você obtenha provas, por exemplo, em processos relativos a vendas em feiras, onde muitas vezes os idosos são induzidos em erro a fim de persuadi-los a fazer compras caras e desnecessárias. Também será útil em questões relacionadas com a venda de serviços financeiros cada vez mais complexos e arriscados. Para utilizar esta ferramenta, o UOKiK terá que obter sempre o consentimento do tribunal.

Pesquisas
O UOKiK já detém esse poder em processos de defesa da concorrência, agora também seria alargado aos processos relativos à defesa dos interesses coletivos do consumidor. Esta solução visa facilitar a coleta de evidências. Atualmente, os empresários contra os quais o UOKiK conduz processos muitas vezes se recusam a fornecer informações e documentos, o que dificulta e prolonga o período de coleta de provas.

Permissões para sites (bloqueio, postagem de avisos neles)
É uma resposta aos desafios relacionados com o desenvolvimento da economia digital. Cada vez mais, as violações dos direitos do consumidor ocorrem durante o comércio eletrônico. O número de irregularidades na oferta de serviços financeiros pela Internet, inclusive fraudulentos, também cresce rapidamente. Nesta situação, é necessário que o UOKiK tome ações efetivas em relação à prevenção de tais violações. O projecto – de acordo com o Regulamento CPC – introduz a possibilidade de ordenar ao empresário que remova o conteúdo incorrecto do sítio, afixando nele um aviso ou, em último recurso, retirando o nome de domínio.

– O objetivo das mudanças sobre as quais estou escrevendo acima é fortalecer a proteção ao consumidor e facilitar a obtenção de provas e, como resultado, fazer cumprir a lei, explica Małgorzata Cieloch. – Eles serão particularmente úteis, por exemplo, na eliminação de pirâmides financeiras, vendas injustas durante feiras e empresas desonestas que operam na Internet – anuncia.

Mais poderes são uma boa opção

Alguns advogados e especialistas falando na mídia acreditam que as disposições propostas aumentam as competências do UOKiK no campo dos processos de consumo eles vão longe demais e dão ao regulador poderes desnecessários que outros serviços e agências de aplicação da lei já possuem.

Outro ele toma uma posição sobre este assunto em uma entrevista com Wirtualnemedia.pl Karolina Iwańska, uma advogada da Fundação Panoptykon. – Mais poderes para o presidente do UOKiK são boas notícias – diz Karolina Iwańska. – No contexto de grandes plataformas que se alimentam de nossos dados oferecendo o que eles chamam de serviços ‘gratuitos’, o papel da autoridade de proteção ao consumidor é tão importante quanto o da autoridade de proteção de dados.

O especialista do Panoptykona destaca que a compulsão digital de usar o Facebook ou os serviços do Google, que é causada por sua posição monopolística nos faz “aceitar” as disposições contratuais complexas e cheias de armadilhas com um único clique do mouse.

– Na Itália ou na Alemanha, as autoridades do consumidor têm estado muito envolvidas na proteção dos usuários comuns de regras injustas que lhes são impostas há algum tempo. Esperamos que os novos poderes também permitam ao UOKiK polonês ser mais ativo nesta área, enfatiza Iwańska.

Em 2018, UOKiK ele conduziu quase 700 processos relativos à violação dos direitos do consumidor. Por sua vez, em 2019 o escritório aplicou multas a empresas no valor total de 425 milhões de PLN, das quais PLN 190 milhões são penalidades por violação dos interesses dos consumidores.

Em janeiro deste ano. O UOKiK impôs uma multa de PLN 120 milhões à preocupação da Volkswagen pelo escândalo do diesel e multou a rede Plus em PLN 50 milhões por taxas adicionais ao baixar conteúdo de áudio e vídeo. Recentemente, houve uma mudança na posição do chefe do UOKiK. Tomasz Chróstny tornou-se o novo presidente, substituindo o cessante Marek Niechciał.