O caso da publicidade boicotando a plataforma YouTube por algumas empresas que apareceu há alguns dias. The Guardian, Domino’s Pizza, Hyundai e Sainsbury estavam entre as empresas que retiraram seus anúncios da versão britânica YouTube’a e da Rede de Display do Google. O motivo foi o aparecimento de anúncios com conteúdo controverso e extremista apoiando o terrorismo ou o antissemitismo.
O Google não respondeu à pergunta do Wirtualnemedia.pl se os anunciantes poloneses seguiram os passos das marcas britânicas. No entanto, devido ao fato de a Grã-Bretanha ser um dos mercados de publicidade mais importantes para o Google, a empresa reagiu rapidamente.
Google: haverá mudanças
em primeiro lugar Matt Brittin, o chefe europeu do Google na Internet, pediu desculpas ao público e aos anunciantes pelo fato de que materiais publicitários continuam aparecendo ao lado de conteúdo que promove conteúdo extremista no YT. Ele admitiu que, embora a empresa faça muito para bloquear esse conteúdo ou privá-lo de oportunidades de ganhos por meio da mensagem publicitária que o acompanha, ainda há muito a ser feito nesse sentido.
Outro gerente do Google, Philipp Schindler, falou sobre o controverso material publicitário na terça-feira. Ele declarou explicitamente que a empresa usará dois novos tipos de ferramentas para evitar o aparecimento de anúncios de marcas conhecidas nas proximidades de materiais comumente considerados extremos.
Segundo Schindler, as mudanças ocorrerão em duas direções principais. A primeira permitirá aos anunciantes mais controle sobre o contexto em que sua mensagem aparecerá. A segunda é alertar os editores de que seu conteúdo controverso publicado pode resultar no bloqueio de anúncios para materiais específicos.
Os anunciantes querem demais?
Em entrevista ao Wirtualnemedia.pl, Anna Robotycka, sócia-gerente da FaceAddicted, aponta perversamente que os anunciantes, exigindo dos YouTube’e a pureza absoluta da mensagem desprovida de conteúdo controverso não são totalmente honestas. E explica porquê.
– Talvez comecemos do início. A publicidade não é uma mensagem que deve chegar onde o público está? – pergunta Anna Robotycka. – O Google não está sendo forçado a fazer um trabalho quase de Sísifo de assistir (mesmo que com a ajuda de inteligência artificial) todos os filmes enviados para esta plataforma? As marcas acidentalmente confundiram seu papel como provedor de informações de produtos com um professor que controla a mensagem? Por que o próximo passo não deveria ser uma demanda das marcas para, por exemplo, interferir nos vídeos em YouTube e desfocar os logotipos de marcas concorrentes? Afinal, chegaremos aos absurdos.
Para o nosso interlocutor, “nobre” é o facto de as marcas quererem estar associadas apenas a conteúdos corretos, bons e adequados. – O único problema é que seus consumidores e audiências nem sempre são anjos e simplesmente consomem conteúdo que eles (não produtores) gostam. O fato de haver conteúdo impróprio na web não decorre do fato de anúncios aparecerem com eles, mas sim do fato de estarmos lidando com uma crescente polarização da mensagem, achatamento de informações e popularidade de ações no limite . Qual marca pode dizer honestamente que não contribuiu para essas “tendências” e que não se beneficiou delas? – Robotycka conclui retoricamente.